Por Maíra Masiero
Nos últimos tempos, os participantes de esportes individuais e coletivos se tornaram grandes ícones não somente em suas áreas, mas também no campo midiático. Por isso, a conservação da imagem dos atletas se torna vital para sua permanência em alta na mídia, como mostra Douglas Kellner (tradução de Rosemary Duarte) no texto A cultura da mídia e o triunfo do espetáculo (2004, p. 07)
"O espetáculo da mídia é, realmente, um culto à celebridade, que proporciona os principais padrões e ícones da moda, do visual e da personalidade. No mundo do espetáculo, a celebridade representa cada segmento social relevante, desde o entretenimento até a política, os esportes e os negócios. Uma indústria de relações públicas já em crescimento destaca certas personalidades, elevando-as ao status de celebridade e protege sua imagem positiva na guerra interminável das imagens e dos perigos que a celebridade será submetida pelas manipulações da imagem negativa que a farão perder o status de celebridade, e/ou se tornar uma personalidade devido a escândalos e sanções, (...)"
No último sábado, dia 06 de julho, o lutador Anderson Silva perdeu o cinturão dos pesos médios do UFC para o americano Chris Weidman, por nocaute, em Las Vegas. Este fato teve uma grande repercussão nas redes sociais e nos meios offline, não somente pela quebra da hegemonia de quase 7 anos, mas também pelo comportamento do lutador brasileiro nos dois rounds: muitos dizem que Anderson provocou e desvalorizou demais o adversário. No vídeo a seguir, pode-se ver a luta em sua íntegra.
Mas o que isso tem a ver com comunicação e com estratégias de Relações Públicas? O programa Globo Esporte da segunda-feira seguinte, na edição voltada ao Estado de São Paulo, citou a derrota, criticou o exagero nas provocações e o erro na estratégia do lutador brasileiro no combate. No final da matéria, Tiago Leifert fez uma tentativa de explicação acerca da derrota e da estratégia de Anderson nas lutas:
"Anderson Silva só chegou aonde chegou porque luta desse jeito: ousado, provocador. É uma estratégia que, quando funciona, é maravilhosa; quando dá errado, é um pesadelo de Relações Públicas. O problema dessa estratégia é que, quando a luta termina, você continua apanhando.".
Mas será que essa derrota será o começo de um "pesadelo de Relações Públicas" para o chamado Spider? A longo prazo, não se pode definir ainda o que irá acontecer, mas, até acontecer uma nova vitória, os efeitos da derrota serão nítidos na imagem do atleta, não pela situação em si, mas pela forma como o brasileiro foi derrotado.
Como exemplo, um dos patrocinadores do ex-campeão do UFC, a rede de hambúrgueres Burger King postou em sua fanpage no Facebook, quase que automaticamente à derrota de Anderson, uma foto de incentivo e que queria mostrar a imortalidade de um campeão, mesmo sem o cinturão. O efeito foi o contrário: dos mais de 2400 comentários na postagem, a grande maioria criticava o lutador por ter "entregado" o combate para o adversário e por exagerar nas provocações e brincadeiras.
Já a escola de idiomas Wizard, outra patrocinadora de Anderson Silva, não fez nenhuma postagem depois da derrota, e a única menção ao atleta, na tarde de sábado, teve poucos comentários; porém, novamente, a maioria deles foi contrária ao protagonista do dia. Isso mostra que Anderson Silva tornou-se uma personalidade reconhecida pelo seu estilo provocador e ousado mas, ao menos momentaneamente, essa estratégia é considerada um fracasso e, realmente, um "pesadelo de Relações Públicas", que pode ser solucionado a longo prazo.
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