quarta-feira, 17 de julho de 2013

Comunicação e sexismo - Muito além do Dia do Homem

Por Maíra Masiero

A grande parte da população reconhece uma data especial comemorada em 8 de março: o Dia Internacional da Mulher, tempo propício para a valorização do sexo feminino e, em relação ao consumo, para aumentar as vendas no primeiro trimestre do ano, com propagandas focadas na sedução e na sensibilização acerca do tema.

Contudo, também existe um dia especialmente voltado para a valorização dos homens, dependendo do país em que se celebra, conforme mostra o trecho de um artigo retirado do site Brasil Escola:

"No dia 15 de Julho, comemora-se o Dia do Homem no Brasil. Já em outros países, a data firmada para tal solenização é 19 de novembro, dia que marca o início da data comemorativa, criada em 1999, por Dr. Jerome Teelucksingh, em Trinidad e Tobago. Hoje, em caráter internacional, é celebrada na Jamaica, Austrália, Índia, Itália, Estados Unidos, Nova Zelândia, Moldávia, Haiti, Singapura, Malta, África do Sul, Gana, Hungria, Canadá, China e Reino Unido.
A criação da data teve como objetivo a promoção da saúde dos homens e a busca por igualdade entre gêneros, destacando a discriminação sofrida e enfatizando as conquistas e melhorias trazidas por eles em diversos aspectos que envolvem sociedade e família."

Atualmente, algumas empresas descobriram o valor comercial que pode ser assimilado ao Dia do Homem e promovem ações para destacar essa data. A fanpage da marca O Boticário mostra o lançamento de um espaço no site somente para homens: a Confraria Malbec, em que eles podem conferir toda a linha masculina disponível, além de dicas de moda, comportamento, saúde e beleza, todas voltadas ao universo masculino.

Porém, há o lado negativo dessa repercussão dos Dias do Homem e da Mulher que, infelizmente, pode ser alimentado pela propaganda: a disseminação de um tipo de preconceito chamado sexismo, como conceitua Daniela Araújo, na tese As palavras e seus efeitos: o Sexismo na publicidade (2006, p. 56-57):

"Sexismo é tudo aquilo que pode ser considerado como discriminatório ou usado contra a alguém, por causa de seu sexo (que equivale no presente estudo ao sentido de gênero, já que este é a construção social de feminino e masculino), muito mais do que por causa de sua índole, ou seus méritos individuais. 
(...)
É a idéia de que um sexo é superior ao outro, separando as pessoas por grupos, seja de homens, de mulheres, enfim, não há relação de igualdade, não há uma visão de que todos são iguais como indivíduos, pois o que pesa é o sexo de cada um. Para os sexistas, o seu sexo é superior ao outro tipo. E o sexismo pode aparecer contra todos. Pode ser discriminação contra os homossexuais, discriminação contra os homens, enfim, é contra a algum sexo."

Existiram, atualmente, alguns casos desta discriminação, especialmente envolvendo as mulheres. Uma emissora pública alemã fez um comercial para promover o futebol feminino, mas teve um erro no desfecho da peça, fazendo a jogadora chutar a bola numa máquina de lavar roupas e causando comentários negativos à campanha de telespectadores e de atletas.


Outro caso de sexismo, agora atingindo os homens, aconteceu com a esponja de aço Bombril e sua campanha "Mulheres Evoluídas" neste ano de 2013. Mais de 40 reclamações sobre a nova campanha chegaram ao Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária), afirmando que os anúncios estrelados por Dani Calabresa e Monica Iozzi possuem "sexismo" e discriminação ao gênero masculino. A marca se defendeu, dizendo que isso é apenas o humor característico de suas propagandas.

Portanto, com essas referências, é necessário achar um equilíbrio entre a criatividade, o humor e o bom senso para que a discriminação não seja mais latente do que a venda do produto ou serviço.

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