segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Quando o cara morre é que a gente reconhece (II) - Mídia e a morte repentina de Whitney Houston

Uma das poucas certezas que qualquer ser humano possui é a de que, um dia, irá morrer. Um fenômeno natural pode ser tratado como algo avassalador quando envolve uma pessoa de renome na região em que viveu e/ou globalmente falando, como descrevem Ronaldo Helal e Graziella Cataldo no artigo A Morte e o Mito: as narrativas da imprensa na cobertura jornalística da morte de Ayrton Senna, apresentado no NP 18 - Comunicação e Esporte no XXVII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação em Porto Alegre (2004, p. 14):

"Do ponto de vista sociológico, Rodrigues (1992) faz uma análise da morte como festa onde os cantos presentes nos funerais apresentam características como excesso, exaltação prodigalizada em gritos e gestos veementes, rixas, violência espontânea. 'Compreende-se a ambigüidade e a ambivalência dos sentimentos, que oscilam entre a alegria e a tristeza, entre festa e funeral: é porque, de certa forma, estes seres ‘imortais’ são feitos para morrer'. (Rodrigues,1992: 72)."

No último dia 12 de fevereiro de 2012, o mundo foi surpreendido com o anúncio da morte da cantora Whitney Houston, aos 48 anos. O corpo dela foi encontrado, na noite do dia anterior, dentro da banheira de uma suíte, num hotel em Los Angeles , em que ela estava hospedada. Os motivos do falecimento de Houston estão ainda em processo de investigação (se foi ou não uma mistura de medicamentos com bebidas alcoólicas).

Durante todo o domingo, muitas atualizações de status no Facebook mencionavam o nome da cantora e publicavam links com vídeos de músicas de Whitney. No Twitter, os termos "R.I.P Whitney Houston" e "O Guarda Costas" (referente ao primeiro e bem-sucedido papel de Houston no cinema) foram os mais citados durante todo o dia, além de homenagens vindas de artistas brasileiros e internacionais.

Além disso, a premiação do Grammy, que ocorreu no próprio dia 12, fez várias homenagens à cantora, porém, sem perder o foco nos artistas atuais e que, no momento presente, eram mais reconhecidos do que Houston.

Segundo texto do crítico Antonio Farinaci, do UOL, "Whitney é uma artista de importância fundamental por fazer a ponte entre as divas soul do passado e as cantoras atuais, mas, a rigor, sua carreira já não existia há mais de dez anos (seu último Grammy é de 2000). Dessa forma, suas homenagens em uma premiação voltada para artistas de sucesso foram mantidas num registro mínimo.".  A seguir, um vídeo que mostra a cantora Jennifer Hudson, cantando a música "I will always love you" acompanhada apenas de um piano, ao início da premiação.



Um outro fator que exemplifica o quanto a morte de uma celebridade mistura sentimentos de alegria e de tristeza (além de tentar reconduzir a pessoa à vida, pelo menos no âmbito musical), as vendas de músicas da cantora, como "I Will Always Love You", dispararam. Segundo matéria publicada também no Portal UOL, o ranking da Billboard acredita que Whitney venderá 50.000 unidades, um dia e meio depois de sua morte, o que levaria a cantora aos 20 primeiros lugares da Billboard 200.

Enfim, a morte pode ser, dependendo das circunstâncias, um "bom negócio" para a imagem da celebridade, que pode se perpetuar por várias gerações, seja por mostrar um exemplo de superação, de técnica vocal respeitável e de boa indole, seja para alertar as novas gerações sobre os riscos de algum vício ou de alguma atitude inadequada.

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