Dia 1: "Rolezinho" é só uma denominação do fenômeno da hora. O Brasil carece – demais – de uma discussão séria sobre direitos civis. A "civilização" brasileira, parece, parou no direito do consumidor, e inverteu uma ordem básica. Fez isto sem consolidar a cidadania. Adaptando Canclini: jovens brasileiros, dos “rolezinhos”, são considerados consumidores, inteiramente. Resta saber se também são considerados cidadãos.
Dia 2: "Pelos critérios da Secretaria de Assuntos Estratégicos, fazem parte da ‘nova’ classe média as famílias com renda per capita de R$ 291 a R$ 1.019". O nivelamento por baixo - aqui, agora - vem de todos os lados: da política "profissional", da mídia e, até, da própria escola. Estamos condenados a ser "nova classe média" e tudo bem! Afinal, há "crédito para negativados", "imóveis financiados sem comprovação de renda" e "tudo a prazo – inclusive sua consciência". E o prazo é bem longo, tipo 180 meses, a perder de vista. Os irresponsáveis que querem alterar a percepção do que seja classe média para engabelar o povo – que continua desprovido de saneamento e de saúde –, deviam ser enquadrados em algum crime de lesa-informação. E há, junto, uma 'ideologia' de que ''está consumindo, viajando, indo ao shopping - então 'tá bom'', reduzindo a experiência da cidadania (próxima de zero %) à do consumo (perto de cem %), e esquecendo que, um dia, o conceito de classe média foi construído considerando TAMBÉM acesso e fruição de bens culturais e educacionais.
Dia 3: O PMDB não sai do poder central desde 1985, e no estado do Rio de Janeiro - com o interregno de Brizola, do PDT - desde 1975! Os cariocas verdadeiramente AMAM o Rio de Janeiro. Senão, vejamos: fazem "gatos" de esgoto na rede de águas pluviais, a companhia de água e esgoto joga o esgoto doméstico nas praias oceânicas. O lixo industrial? Na Baía da Guanabara. Não fazem rodízio no trânsito porque "não vai pegar" e ocupam as encostas de suas ex-belas colinas com "aglomerações urbanas sub-normais".
Dia 4: Pressão! O Conselho é dos profissionais! Na Administração, a sede do C.R.A. não tem essa sigla na fachada, mas "Casa do Administrador". Se não está bom, pressionem. Se não continuar bom, candidatem-se! E mudem o rumo da autarquia na Região. Assim foi feito na 2ª Região. Fizemos o mesmo no Rio de Janeiro, 1ª Região. Sugestão de campanha: focar na formação, mais que na profissão. O que a sociedade precisa conhecer é a nossa formação, a qual nos habilita a ocupar "n" funções em empresas, governos e ONGs. A profissão, alguns até conhecem... errado, achando que somos porteiros de 'boite', organizadores de festinhas e distribuidores de brindes. Só não somos mais conhecidos – e badalados – porque o grosso da imprensa foi formado sob o pensamento "velho" de querer ocupar todo e qualquer espaço onde esteja escrito na porta a palavra "comunicação". O Brasil globaliza-se cada vez mais, inexoravelmente, e alinhar-nos-emos com o mundo, onde quem faz Jornalismo atua em veículo, e quem atua em empresa é P. R. E ponto final! E não pode exercer as duas coisas, pois além de ser imoral, é ilegal (nos Estados Unidos e em Portugal temos exemplos bem demarcados). E isso não tem nada a ver só com lei e reserva de mercado (o que existe e a que, até, temos direito), mas com formação para fazer o trabalho que precisa ser feito – o de gestão, boa gestão, da comunicação institucional, FORA da imprensa! Passou o tempo das contemporizações. O Sistema Conferp-Conrerp está já em uma segunda gestão de renovação das lideranças. Nesse contexto positivo, em nossas mãos - e só nelas - está o futuro da área.
Está ocupando meu lugar? Sai! Até o MEC - em outubro último - já nos libertou do grilhão "comunicação social". Somos, agora, independentes e autônomos. Estamos, no Observatório da Comunicação Institucional, junto com o Conrerp1 - planejando "n" atividades comemorativas do centenário este ano, mas todas estão programadas entre 26 de setembro (dia interamericano de RP) e 02 de dezembro (dia nacional de RP). O departamento pioneiro de RP do Brasil foi criado na Light em 30 de janeiro de 1914. Ocorre que o líder deste departamento – Eduardo Pinheiro Lobo – teve sua data de nascimento estabelecida por lei como o nosso dia e por isso ficamos fixados no 02 de dezembro.
Antes de mais nada, quem escolheu estudar RP – seja na graduação ou na especialização – deve propagar a sua opção de formação, pois é isto que o diferencia como profissional. O Brasil, pouco desenvolvido institucionalmente, não entende bem sobre o quê tratamos. Nossas atividades – ligadas a reputação, reconhecimento e transparência - se aplicam, infelizmente, à menor parte das organizações. Avançamos muito, mas temos que caminhar bastante ainda.
A área de Relações Públicas ultrapassou a multidisciplinaridade há muito. Somos, nós que a escolhemos, transdisciplinares. Isto porque não existe ainda, nas Instituições de Ensino Superior brasileiras, cursos verdadeiramente transdisciplinares. "Trans" são pessoas (e não departamentos, por definição). "Trans" são pessoas. E as que – bem – escolhem RP para formação, por vocação, e nelas "se encontram", profissionalmente, o são - transdisciplinares -, inteiramente. Não se propõe qualquer "troca" de "área-mãe", uma vez que Relações Públicas tornaram-se, elas próprias, área-mãe, independente e autônoma depois das novas diretrizes curriculares nacionais. O que se propõe é uma maior aproximação. Ou seja, nossa tese é que os novos cursos de RP surgirão em Escolas de Negócios ("Business" é um conceito genérico e não apenas Gestão, Administração), e não mais em Escolas de Comunicação – onde sempre fomos patinhos-feios e a primeira habilitação a descontinuar em períodos de crise – econômica, nas particulares; ou de identidade, nas públicas.
Colegas errepês: fiscalizar não é como uma moda, é lei. Precisamos estar do lado das pessoas que acreditam que o Brasil pode ser um país onde, além das modas, leis "pegam" e são cumpridas. Precisamos deixar para trás o "país do me-engana-que-eu-gosto", "só p'ra inglês ver" e sempre "em construção. Uma nação é feita de pessoas e pessoas precisam de causas para beneficiarem-se de seus efeitos. Se nossa causa é a - boa - comunicação institucional, precisamos ser partícipes da construção de melhores instituições. E se temos uma profissão com todo o aparato legal da regulamentação, a "moda" tem que ser fiscalizar e cumpri-la, e não duvidar de sua razão de ser e pertinência. Fora dessa "filosofia", caríssimos, a escolha pela formação em RP terá sido um equívoco. E quando vier a sanha desregulamentadora estaremos com um diploma meio "fake" nas mãos, algo parecido com a sensação de quem optou por Jornalismo e viu o Brasil dizer não à necessidade de curso superior para o seu exercício profissional.
Dia 5: A estatística de vez em quando ajuda o lado de cá: o protesto contra 1% mais rico é mais que justificado: OCCUPY SHOPPING CENTER! Pelo menos um sociólogo de peso (minha memória me trai), afirmou (sobre as manifestações de junho e a reação do Estado a elas), em entrevista ao jornal O Globo, que o atual ambiente no Brasil apontava para uma revolução popular.
Dia 6: Se o Conselho de Comunicação Social criado pela Constituição de 1988 não fosse "fake", teríamos um número para ligar.
Acho, particularmente, que a PUC-Rio bem podia sediar uma iniciativa (grupo de estudo, núcleo ativista, movimento pela causa, campanha cívica, grito da cidadania) no sentido de discutir o nosso marco regulatório da comunicação - que vai para 52 anos! As universidades federais e estaduais não o farão, pois são dominadas por partidos viciados em poder e com membros proprietários (embora ilegalmente) de veículos de comunicação. E as particulares estão mal das pernas e necessitadas de todo tipo de crédito e favores intermediados pelos mesmos políticos.
Uma universidade confessional, com a credibilidade e a reputação da PUC-Rio, somadas a um papado que quer colocar o dedo nas feridas do status quo, é "o" privilegiado “locus” para isso. Quem sabe? Tenho colegas que topariam participar, com certeza. E disponho-me a trabalhar de graça se houver amparo institucional à ideia.
Sobre o escândalo da Escola BASE - Este é um "case" digno de estudo, porque é exemplar de como a mídia pode ter efeitos nefastos e definitivos. Sob o ponto de vista de três vidas profissionais - e pessoais, potencialmente, também - destruídas há 18 anos, a indenização chega a ser risível. Lembremos que o direito de reposta não existe mais. O STF eliminou-o junto com a Lei de Imprensa, num caso (também típico, digno de estudo) de "jogar a criança fora junto com a água suja do banho". Conclusão: é barato, no Brasil – e com ótimo prazo para “pagamento” – destruir alguém de quem os barões da mídia não gostem.
Se o público para o "jornalismo" de William Bonner é constituído de Simpsons, a "cultura" da TV aberta é feita para Palhaço e Palhaça. E a Globo teve a coragem de transmitir em rede nacional um "show da virada" com "playback" do princípio ao fim!
Sobre merchandising de picolé numa cena de drama pessoal da mulher que não pode engravidar - Pagou-se bem caro por essa verdadeira ofensa a qualquer inteligência ao menos mediana. Pior é que ensinam por aí que "merchandising" é isso que a Globo faz. Tosco. Isso é, sim, "merdanchising". Padrão "global" de "patrocínico".
Dia 7: Sobre as novas “fontes” da imprensa - Claro que o Facebook é "lido" nas redações atuais. O problema é que é a única leitura "de profundidade". Já a leitura “generalista” é feita em Google News e Yahoo News. E a "rápida", no Twitter. Gilmar Mendes ‘et caterva’ devem ter acertado: para ''isso'' não é necessário o diploma de nível superior.
Dia 8: Sobre a “morte” do Marketing - O marketing “morreu” devido ao sucesso de sua formulação. Hoje, as subdisciplinas do marketing tornaram-se disciplinas autônomas e ganham cada vez mais espaço próprio. Mas eu não dispensaria os conhecimentos acumulados por aqueles que se dedicaram a formulá-lo.
Dia 9: "Caso Hollande" - Servidores públicos concursados – por definição – perdem parte de sua privacidade. Quando eleitos, então - por força da escolha popular - perdem-na totalmente. E devem administrar a vida privada com a ajuda de especialistas. Foi justamente o que NÃO aconteceu neste caso. O governo francês "perdeu a mão". Das relações públicas e da segurança (mantendo UM SÓ guarda-costas nos passeios à rue Cirque), falhas gravíssimas em se tratando de uma pessoa-em-cargo que é do interesse de TODOS os cidadãos franceses (e não só daqueles que gostam ou votam nele). Dessa vez, foram os "paparazzi" a apontar suas ferramentas de trabalho para Hollande em sua "escapade"... mas... e se fossem terroristas? A impressão é de que o Eliseu até quer muito que o presidente caia da lambreta e, num repente, deixe o mundo dos vivos...
Dia 10: Sobre um ‘post’ – que bombou na web – de alguém que mudou-se da Austrália para o Brasil - Donna Panda tem um poder de síntese invejável. Em curto espaço conseguiu resumir uma tese, ou pelo a questão em torno da qual às vezes nos pegamos circulando. O fato é que todo o caldo cultural formado por índios estuprados, negros estuprados e portugueses/europeus estuprados/estupradores + império e república que investiram/investem na manutenção de uma educação de massa de péssimo nível + estupro de políticos ladrões + estupro diuturno de uma mídia irresponsável conivente com anunciantes e agências comprometidas com elites residentes no milésimo andar dá no que converto em hipótese, aqui: há um discurso "no ar", tanto na academia, quanto no senso comum, de que existe "um outro modo", "um outro jeito", "um outro caminho" para o desenvolvimento econômico e humano que não aquele trilhado pelos países desenvolvidos.
Se quando eu estava na educação básica (em escola pública de boa qualidade), as nossas aspirações num país subdesenvolvido (depois, "em desenvolvimento" e agora "emergente" - ou seja, em processo eterno, sempre em construção, nunca pronto) eram estudar, trabalhar, ascender culturalmente e prosperar; hoje, o discurso subliminar da propaganda comercial (e também a eleitoral), e dos governos - em todas as esferas - é de "compre seu carro popular", "candidate-se ao minha casa, minha vida", "adquira seu smartphone com internet e uma TV de tela plana de 'centas' polegadas" e "tome uma Skol bem redonda" que está tudo bem. Formou! Parou por aí! Desenrolou! Desenvolveu!
O nivelamento por baixo, com um discurso publicitário - e jornalístico - cada vez mais afeito às "novas classes médias", D, E, F, G, H, parece, dominou todo o porvir do Brasil. Nossos velhos querem morrer, nossos adultos ficam velhos cada vez mais cedo e nossos jovens querem ir embora do país. O desencanto instalou-se na política desde sempre. Nasci sob JK e depois só... plano inclinado - ladeira abaixo. Parafraseando Decio Pignatari, "Podbre Brasil".
Para uma conclusão, acesse: Sobre BBB, MMA e cidadania classe CCC
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