Muito se diz que os gestos podem valer mais do que muitas palavras. Em alguns casos, na comunicação, isso se mostra evidente, pois a comunicação não-verbal contribui para se deixar bem claras as intenções e o conteúdo a ser passado depois pela forma verbal da comunicação, como mostra Adriana Maria Canto Piron Donadon no artigo A Comunicação Não-Verbal no complexo da Comunicação Organizacional (2012, p. 3):
"A forma de comunicação não-verbal é a menos estudada, no âmbito das organizações. Não só são raras as citações desta nos estudos de comunicação organizacional, como as citações existentes são bastante superficiais. Esta comunicação se dá por um conjunto de linguagens paralelas à linguagem verbal, que acrescentam significados ao que se declara, de forma sutil e implícita, sem ser, no entanto, menos presentes ou evidentes (...).
A comunicação não-verbal pode estar ligada diretamente ao corpo, dando-se através dos olhares, dos gestos, da entonação da voz, da posição e qualidade corporais. É sensível aos humores, aos estados de espírito, às intenções não declaradas e, mesmo que de forma inconsciente, agregam sentido ao que se comunica (...)"
Na última semana, a Rede Globo editou uma nova norma, padronizando o visual dos seus jornalistas em todas as afiliadas e limitando as inovações que, desde o final dos anos 2000, acontecem na vestimenta dos âncoras e repórteres da emissora. Por exemplo, alguém imaginaria, neste século XXI, um jornalista apresentar o Globo Esporte de um jeito formal, sentado e de terno? Em 1978, isso acontecia na voz de Léo Batista, que apresenta, até hoje, o noticiário, aos sábados, para as emissoras da rede (não contando as edições regionais do noticiário).
Atualmente, as roupas mais utilizadas em alguns telejornais, principalmente os dedicados à cobertura esportiva, são mais maleáveis, com homens podendo utilizar camisas sociais ou polo e mulheres podendo utilizar vestidos e combinações blusa-saia, desde que sejam adequados ao contexto. Telejornais mais tradicionais, como o Jornal Nacional, Jornal Hoje e Jornal da Globo, ainda exigem maior formalidade nas roupas.
Como foi falado no decorrer do post, a Globo lançou uma nova norma de vestimenta, que vai ajudar a comunicação não-verbal a ser mais eficiente, não abrindo brechas para mal-entendidos e para um(a) apresentador(a) se destacar mais do que a notícia em si. Segundo matéria publicada no site Notícias da TV, algumas das exigências desta nova norma são:
"Cabelos: devem ser curtos ou médios, no máximo na altura dos ombros. Cabelos compridos chamam muita atenção. Franjas estão proibidas. Deixam a jornalista com cara de adolescente.
Acessórios: brincos, colares, pulseiras e relógios devem ser pequenos, discretos, sem pedras. Proibido usar mais de um anel na mesma mão.
Unhas: Até cinco anos atrás, esmaltes coloridos eram proibidos. Tons beges e vinhos agora são permitidos, mas unhas pretas, azuis, verdes e roxas estão vetadas.
Mangas: estão proibidas as mangas muito curtas, tipo baby look, as bufantes e as muito volumosas. As primeiras não ficam bem para mulheres com braços gordos. As bufantes infantilizam.
Estampas: roupas xadrezes, estampadas e de listras fortemente contrastadas continuam proibidas porque chamam muita atenção e porque podem causar "batimento" no vídeo, gerando uma distorção na imagem.
Brilho: roupas com brilho ou decotadas não podem ser usadas no vídeo. Babados e tecidos que amassam muito, como o linho, também não. Transparências são permitidas, desde que com uma outra roupa por baixo.
Calças: nem pensar em ir para a rua com calças capri (aquelas que batem na canela), muito justas (skinnies), sarouels e leggings. São casuais demais e, no caso das sarouels, no vídeo parecem fraldões. Recomenda-se calças de alfaiataria para os homens. Jeans pode, desde que de corte reto e tradicional. Nada de calças rasgadas ou com lavagens que descolorem o brim.
Tamanho: é proibido usar roupa justa. Jornalistas devem preferir peças mais soltas no corpo, porque marcam menos. Mulheres devem tomar cuidado com malhas e tecidos de elastano, evitando mostrar sutiãs e "pneus"."
Se essas normas irão ser úteis e funcionarão, só o tempo dirá. Mas essas mudanças demonstram que o trabalho de Relações Públicas, dentre outras vertentes, preza pela excelência e pelo cuidado não só com a comunicação verbal, mas também com o que se vê, principalmente nas telas da televisão.
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