Por Maíra Masiero
Quando o mês de novembro termina, muitas pessoas começam a entrar no clima de férias (ou de folgas, especialmente nas semanas do Natal e do Ano Novo) e as viagens (tanto nacionais como internacionais) costumam ser mais frequentes. Enquanto muitos descansam da rotina de trabalho, comunicólogos passam esse tempo, além de também descansar, promovendo ações para aumentar o número de turistas em seus países e, consequentemente, divulgar a imagem positiva e os produtos típicos, propiciando, assim, um maior giro na economia local.
Mas o que as áreas de Relações Públicas e de Turismo tem em comum? E como elas podem se interligar? Quem faz um esboço sobre a resposta desta pergunta são as autoras Helaine Abreu Rosa e Mary Sandra Guerra Ashton no artigo Relações Públicas e Turismo: uma reflexão sobre Comunicação e Pós-Modernidade, pertencente ao livro História das relações públicas: fragmentos da memória de uma
área, organizado por Cláudia Peixoto de Moura (2008, pp. 454-455):
"O compartilhar das experiências, enquanto vividas, no momento em que são vividas, constitui-se em elemento que merece atenção quanto ao Turismo e às Relações Públicas. Na medida em que as pessoas sentem-se motivadas ao “estar junto”, forma-se a cadeia de atração de público aos pontos turísticos, promove-se a necessidade do deslocamento. O comungar do que é vivido, no instante em que é vivido, é que desperta a curiosidade e o desejo de experimentar junto e, ao mesmo tempo, que/com os outros, reforçando o encontro descrito pela atividade turística, assim como o relacionamento organizacional com os públicos constitutivos que é o objeto das Relações Publicas.
[...]
O compartilhar das experiências observado no Turismo pode agir como elemento formador da socialidade e, portanto, motor dos deslocamentos humanos em busca do outro (lugar). A ação é voltada para o presente, para o instante em que é vivido, exaltando unicamente o que é vivido em comum, compartilhado. O comungar da experiência se transforma no fator da atratividade turística, assim como nas Relações Públicas a ideia de socialidade pode ser inferida pela compreensão mútua, sua base conceitual."
Mas como atrair as pessoas a saírem de seus países para conhecerem outros lugares e terem experiências a compartilhar, de acordo com as autoras? Por exemplo, o Canadá mostra uma ação interessante para esta finalidade. Numa parceria com uma atividade colaborativa, com mais de 8000 participações e muitas fotos compartilhadas de canadenses, a Comissão de Turismo do país idealizou o projeto 35milliondirectors, com a divulgação de um vídeo com as melhores participações (e com premiação para os vencedores), cujo objetivo é atrair os visitantes de todo o mundo a conhecerem o Canadá e seus pontos mais belos em apenas 2 minutos.
Outro exemplo internacional de estratégias comunicacionais para alavancar o turismo localiza-se na América do Sul. O Peru lançou sua Marca em março de 2011, a fim de unificar as ações de divulgação e valorização do país, indo, entretanto, além do simples incentivo ao turismo: segundo o Ministro de Comércio Exterior e Turismo, Eduardo Ferreyros, foram erguidos três pilares para se consolidar esta Marca: turismo, exportação e investimento.
A Marca Peru tem um site específico em Português, no qual são mostrados alguns vídeos de divulgação da ideia, informações sobre a campanha e sobre o making-off das apresentações, além de links para sites que contenham dados a respeito dos três pilares anteriormente citados e para a representação da marcas nas mídias sociais: Twitter, Facebook e Youtube.
Por exemplo, na fanpage da marca-país no Facebook, são mostradas notícias positivas a respeito do país (as mais recentes são o título Sul-Americano Infanto-Juvenil de Vôlei, vencendo o Brasil, e a indicação de um filme local para concorrer a uma vaga no Oscar), além de pontos turísticos locais, gastronomia, divulgação de eventos (como o Rally Dakar, que acontece em janeiro), entre outros conteúdos.
O mais interessante é que o vídeo de apresentação da Marca é dublado para cada idioma (Português, Inglês, Alemão, Francês, Espanhol e Chinês). A cena mostra o ano de 2032, quando um personagem recebe, em pen drive, um vídeo seu de vinte anos atrás, mostrando uma viagem feita ao Peru. No fim do vídeo, ele convida sua esposa para visitar o país para compartilhar as experiências que o personagem fez quando ainda era jovem.
E é nesse "compartilhar" de informações e de experiências que vive o cenário (no caso, o nacional) turístico, juntamente com o comunicacional e, proporcionalmente, o financeiro, já que, com uma maior quantidade de visitantes, há uma maior quantidade de gastos no comércio local e, assim, uma maior fluxo na economia.
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